Aqui já usei quase todo o meu repertório masoquista e desfiz boa parte das minhas ideias comunistas. Esse espaço é meu, mas desejei compartilhá-lo com o mundo, se você faz parte dele...Então seja muito bem vindo(a)!

sábado, 5 de dezembro de 2009

O amor.

O Que é o amor senão o desejo de tomar para si aquilo que lhe é negado? Aquilo que não se tem...!

O amor que desejo vai além das projeções. Quero amar como se ama o amor e como diria Drummond: Amar se aprende amando.


O Candidato à vaga ...?
É surreal e mora num planeta tão tão distante Que nem eu mesma sei onde é!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

À espera


Estou à janela esperando o temporal passar. E com ele as águas levem toda dor que venho sentindo.

A enxurrada de tristeza que tomou meu coração seja levada para longe para nunca mais voltar.

Que o único sentimento que eu conheça agora seja a paz que só os corações seremos possuem.

E o amor...? Que ele exista algum dia para mim!

Ser-aqui.


Eu sou, sim eu sou um momento das relações em que vivo. E não estou sendo determinista ao afirmar isto! É inevitável para mim não experienciar tantos conflitos, já que o lugar onde vivo é pura contradição de ideias, de moralismo, de ética.

Como poderei eu não sofrer ante a tanta hipocrisia?

Não estou isenta das relações com meu semelhante e tal fato evidentemente me incomoda. Como ser Eu sem precisar do outro? Boa pergunta...Deixo-a para que vocês me respondam!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

InCômodos



A vida tem muitos cômodos, mas me aterei hoje aos quartos.
Há os quartos claros e também os escuros. Os abertos e os fechados. Os úteis e os inúteis.
Os fúteis e os desvalorizados que desesperados deixam qualquer um entrar.
Há os silenciosos não pela ausência de ruído, mas pelo som quase inaudível de suas paredes.
Há aqueles que possuem janelas para o mar e os que possuem janelas apenas para o chiqueiro, mas há os sem janelas também.
Há os que preferem a ausência de cheiro ao enauseante cheiro do mar. Tudo é questão de olfato. Preferências não se discutem, certo?
Há quartos que desejam e há os que querem apenas ser desejados.
Que o meu querer se transmute não mais em sofrimento, mas em glória. E meu quarto outrora trancado em sua própria escuridão permaneça agora iluminado e, se porventura a porta precisar ser aberta que seja sábio aquele que a abrir, pois Nêmesis está dormindo, não morta. Se despertada é pura fúria e selvagem!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Sentir

Eu sinto a dor dos flagelados, dos miseráveis desabrigados, dos desafortunados, não por escolha própria mas por ter olhos e enxergar.

Enxergar-me no mendigo deitado na calçada, na criança abandonada, no trabalhador desempregado e em todos os humanos desgraçados, devorados pela injustiça do devir.
Sinto e continuamente sofro, porque neles percebo as mazelas humanas que também me são comuns. Mazelas que preferiria covardemente não saber. Mas sei, e me angustio.
Porque o mendigo sou eu, o marginalizado, o desesperado e o aterrorizado também sou. Mendigo de mim mesmo estou à margem do que poderia me tornar, e me desespero por tudo isto enxergar. Aterrorizada fico por não conseguir mudar nem a minha, nem a realidade de outro alguém.
E choro amargamente, choro por existir em meio a tanta desigualdade. E calo o meu grito neste texto e reprimo minha angústia, mas não sufoco minha revolta, não sufoco pelo medo. Medo de minha existência não fazer a menor diferença num Brasil, num mundo desumanizado.
Ainda sofro porque não conseguiram me animalizar, continuo humana e enquanto assim eu for, espero ardentemente que me reste a esperança. A de lutar, de ousar e de vencer. Vencer o ódio, a insensatez, a discriminação e a insensibilidade que alcançou mais da metade desta triste civilização.
Desejo, quero, e sinto. Não por mim, mas pelas próximas gerações que hão de vir!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Maiêutica.

"Assumir o que se é e ter plena consciência da capacidade própria não é soberba, nem arrogância."

Não me peça para negar o que sou! Hoje sei quem sou e conheço minhas potencialidades. Não espere essa humildade que o senso comum prega diante do reconhecimento de seus dons.

Não vou me autodepreciar para que todos vejam que sou humilde. Não esperem de mim tal ato!

Não sou soberba, arrogante nem tampouco pretensiosa. Hoje bem sei do que sou capaz e do que não sou também. Não necessito de parasitas ou aduladores para dizer-me: "Óhh, como és isto ou aquilo..."

Caro leitor, refiro-me a isto porque sempre que posso reflito sobre tudo que se passa aos meus olhos e se há uma coisa que de fato me aborrece é acusar-me daquilo que não sou. A isto respondo repetindo o que disse Nietzsche: “Ouçam-me. Pois sou tal e tal. Sobretudo, não me confundam o que não sou."

Antes de dar-me por satisfeita a esta escrita devo também dizer que nada pode ser mais medíocre num homem, do que o sentimento destrutivo da inveja. E se tem algo que consiga me afastar de alguém, é este.

Nunca tolero a inveja, tampouco os invejosos.

Não por medo ou por sentir-me ameaçada, pois de fato os que te invejam são justamente os inseguros, os que não conhecem seu papel no mundo e na ordem das coisas, mas por pura falta de paciência, não sou o tipo de pessoa que dispõe de tempo para perder, ao contrário, o tempo é me extremamente útil ao passo que subestimaria a mim mesma desperdiçando-o, já que poderia estar exercitando e trabalhando nas minhas possibilidades.

Finalizando deixo aqui uma frase de Schopenhauer que resume exatamente este pequeno texto. "A modéstia é a humildade de um hipócrita que pede perdão pelos seus méritos aos que não têm nenhum."

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A arte de amar.

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.

A alma é que estraga o amor. Só em Deus ela pode encontrar satisfação.

Não noutra alma. Só em Deus – ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

(Manuel Bandeira)


Vai aí uma bela postagem. Agora de uma certeza eu tenho, e posso afirmar que é minha atual certeza digamos que absoluta: a solidão. Esta de cada dia que me sufoca e me angustia.

Bom, estava devendo uma postagem sobre o poeta que deu nome ao meu blog com o poema Belo Belo, e em se tratando de Bandeira, meu conterrâneo, merece uma homenagem especial, não por isto, mas pelo grande poeta que foi e é! Manuel, Manuel da rua da união.

Que uniu a arte com a vida! Grande Manuel, um dos meus preferidos!

Fica então a homenagem!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Presença

Passei alguns dias sem escrever...E ao certo nem sei bem por que, mas acredito que seja pelo estado emocional em que me encontro! A dias que venho me sentindo muito bem, na verdade super bem...e esse bem-estar tem me permitido ver tudo de bom que tenho a minha volta e refletir, refletir bastante...o que me toma todo o tempo possível.

Minha vida hoje em Garanhuns vai melhor do que eu achava que um dia viesse a ser, raros foram os momentos que pensei em se tornar boa ou suficientemente suportável, principalmente nos ápices de desespero, e que sempre, inevitavelmente, sempre comparava a Recife não dando chances de enxergar as transformações positivas que esta mudança me traria e me trouxe.
Ah, mas vamos combinar né?! Recife é Recife e sempre sempre vai ser o meu Recife! =)

Hoje recordo nostalgicamente (nessas horas chego a me sentir uma idosa!) os maravilhosos momentos que lá tive, e os péssimos também. Mas estes quase que ininterruptamente duravam segundos e eram recheados de força porque afinal eu possuia ao meu lado tudo! Minha cidade linda, a terra onde nasci e me criei, quente, abafada, stressante e engraçada da qual enfim nunca esquecerei.

E minha família. O referencial da minha vida, minha mãe querida que avó foi por circunstâncias que nunca questionei. Meus amigos, minha história que está contada em cada canto da escola, nas avenidas movimentadas, nos parques, nos teatros e nas casas onde morei. Nas férias em cada praia, nos cinemas com as amigas, nas refeições sempre corridas, no agito do trânsito e na paz de morar perto, tão perto do mar, do oceano que agita o mais impenetrável ser.

Ah Recife que adorei, adorei e adoro intensamente, como quem adora e a dor sente, a dor de saber que tudo é finito, que a infância, a vida, que nada é imutável e, de que nossa existência trágica é de ser no mundo o ser para morte.

Mas a escolha me foi feita, pela vida e pelos sonhos que almejei, e o sofrer me transmuta a glória, essa hoje que desfruto e desfrutarei. E me entrego, me entrego por inteira, corpo, alma e coração sem medo, a esta realidade que abracei! E renego toda tristeza, toda dor do passado que deixei!

Hoje sou só e somente saudades. Mas, posso ser alegria também, e sou. Sou razão e emoção, sou brisa e furacão, também posso ser perdão, mas não me peça compaixão depois de tudo que passei. Talvez quem sabe um dia...quem sabe um dia. Mas não me peça hoje. Hoje não!

E esse luto, esse luto que vivia...bem, definitivamente hoje abandonei!

Ser feliz é o que quero, e Recife...Recife vai estar comigo eternamente, imutável nos laços invisíveis que lá deixei, nos abraços dos encontros inesperados, na alegria de reviver por pouco que seja, as amizades e, no sorridente e imarcescível jeito recifense que carrego comigo sempre, que carrego comigo sempre e desejo nunca esquecer!

Frase do dia: "E é nisto que se resume o sofrimento:
Cai a flor - e deixa o perfume
no vento!"

(Cecília Meireles)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Ser forte é...

Amar alguém e ter coragem de dizer todo amor que se sente.

Ser forte é chorar quando se deseja chorar.

Ser forte é gritar e não ter medo de por pra fora a angústia que sufoca.

Se forte é conseguir ser você mesmo, sem pensar que os outros te classificarão como fraco, fracos são os que se escondem.

(Autor desconhecido)

Efemeramente falando

Depois que se descobre que a adolescência é uma "farsa", que nada mais é do que uma produção de massa...e que a marca registrada de rebeldia e intrasigência é uma questão cultural, mais capital do que cultural, assim posso afirmar...vc fica triste.

Na verdade este bem que poderia ser um bom motivo para ficar num estado permanentemente depressivo, já que ultimamente tem gente que entra em depressão pelo feliz término do programa do Faustão. Hahaha.

Deixamos este mau-humor e voltemos ao fato. Sim, ressalto aqui triste, não infeliz!

Triste porque não há como não ficar ao me deparar com mais uma das desgraças produzidas e inseridas culturalmente no mundo como normal, como norma.

Anormal hoje é quem não teve adolescência. E o pior, esta é tratada como se fosse uma verdade absoluta, universal. Mas, além disto, fico feliz! Feliz por saber que não obtive tal luxo...Respondo por mim tranquilamente, pois essa adolescência marcada pela estupidez e rebeldia não foi desfrutada por mim.

Quanto a rebeldia, sempre fui rebelde, este traço de personalidade me é comum desde sempre e quem a mim me conhece, sabe! Desde cedo, desde sempre nunca fiz questão de ser obediente sem antes questionar, a exemplo minha mãe pode responder, pelas incontáveis vezes que se aborrecera comigo porque eu simplesmente não aderia ao seu bom senso de moda.

Negava-me veemente vestir as roupas escolhidas por ela, antes, usava as que eu, cheia de autonomia, escolhia. Normalmente com combinações perfeitas para mim, cores intensas e escandalosas cuja representação a mim era fidedigna. E mais quando me rebelava possuía uma causa, não era do tipo idiota que se resigna diante de uma ordem, mas também não procurava ser a do contra porque era "bonito" ser.

Se há causas convincentes, então rebele-se. Não havendo, cale-se!

No entanto falemos novamente da maldição dos homens malditos... em se tratando de nossas próprias dúvidas nossa angústia cresce e depois de escolher sair definitivamente da ignorância fica mais do que evidente que sua melhor amiga será inFELIZMENTE esta: a angústia, a mais íntima, e também a mais secreta de todas as suas amizades.

Sinto-me a salvo pelos raros exemplos que a história nos deixou! Graças a Deus que Nietzsche existiu, pois não me penso tão louca por tantas e tantas vezes ver a minha própria ignorância, e mais, a morte constante que se aproxima e a vastidão dos corredores que choro um dia somente por sonhar passar. Sonhar ler todos os clássicos, e produzir o que de mais perfeito existe: uma soma de experiências escritas sabiamente. Sabiamente, saliento!

É, porque de porcaria o mundo está cheio, e não serei eu mais uma a sujar o que já virou puro excremento! O que imagino no dia da publicação...bom, vejo muitas mortes, muitos livros e medíocres escritores morrendo, cada uma dessas porcarias expostas nas prateleiras de muitas bibliotecas do nosso país, virando única e exclusivamente pó.

E aqueles a quem o direito autoral pertence sentindo a dor da morte lentamente como a um veneno de cobra que eficazmente penetra na corrente sanguínea, cuja morte faz sorrir pelo prazer de fazê-la sentir-se tão dolorosa. E acho que nesta hora eu chegaria ao puro êxtase o mesmo que sinto ao escrever, aí, bem...não haveria mais tanta dor no mundo, porque estaria se mostrando a alegria de Deus com os homens e aos Homens, como Beethoven conseguiu ao produzir a maravilhosa 9ª Sinfonia!

Lágrimas, desespero, e êxtase! Êxtase.

Só me resta saber se viverei o suficiente para que isto se torne possível... Nietzsche outrora disse algo que eu um dia gostaria de comprender:"Para a maioria, quão pequena é a porção de prazer que basta para fazer a vida agradável!" E me fica a pergunta..."meu Deus porque não faço parte dessa alegre maioria?" Deve ser agradável sentir prazer tão facilmente!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Antes, Agora e Sempre.

Antes de confessar que minha dor sobretudo foi sufocada pela vontade de vencer, quero dizer que esta vontade apesar de sumir várias vezes, sempre retorna e infelizmente para os meus declarados inimigos, com muito mais força.

E fica dado o recado...não desistirei, não sem antes lutar até o fim, até a última gota de suor não poder mais cair, quando já não houver mais água, quando enfim não houver mais vida! Aos que me apoiam, o meu muito obrigada, aos que me invejam tentem mais, mais e mais, quem sabe um dia atingirão o que eu chamo de respeito!

Aos meus eternos amigos me resta a saudade dos muitos dias e momentos partilhados, ao meu consultor de ideias fica o recado de que o tempo não muda as pessoas, elas apenas abrem seus horizontes. Amarei cada dia como se fosse o último, e intensamente viverei cada segundo. Pensar angustia, mas ninguém me falou que seria tudo muito fácil...e pretendo fazer desta vida a melhor e o melhor de todas as minhas possibilidades!

Agradeço a Deus por não ser mais uma no meio da multidão, por me sentir a própria multidão quando me encontro no meio de pessoas com fronteiras tão limitadas! Por ser intensa, por fazer realmente a diferença em tudo o que faço, e mais...por ser apaixonada pelo conhecimento, pela vida! Se sentir diferente também tem o seu lado positivo, sinto-me especial, principalmente quando encontro as raras pessoas que me veêm como sou exatamente, e mais por me dizerem as palavras que preciso e que me fazem persistir nesta árdua, mas precisa caminhada!

Finalizando as poucas palavras de hoje digo que enquanto existir o amor, quero desfrutá-lo e nem é difícil assim! Olhe para si, mas olhe também ao seu lado! Seu problema nunca será tão grande se vc olhar ao seu lado e ver que existem sempre mais motivos para vc sorrir do que para vc chorar!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sabe aquele dia?!

Aquele em que vc acorda com desejo de fazer tudo melhorar...E quando se depara nada foi como planejou, aliás, tudo aconteceu da pior maneira possível e aí vc se sente impotente e desiste, é aparentemente desiste de lutar.

E apaticamente vai deixando as horas passarem sem se incomodar.

Ultimamente, cotidianamente para ser precisa, é assim que venho me sentindo quando vejo que todo o meu esforço, todo sacrifício, todas as horas foram vãs ao lado de pessoas medíocres que nunca reconhecerão ou enxergarão quem vc realmente é.

Pessoas que nunca te olharão além do que sua aparência mostra. Pessoas que externalizam tudo e nada, que enxergam apenas o que está ao seu alcance, seu próprio umbigo. E então quando vc olha pra si, enxerga mais além, muito mais do que o espelho te diz...

Vc vê uma pessoa humana, cheia de fragilidades e cheia de coragem pra admiti-las, que não tem vergonha de errar porque sabe que errar é mais que humano, é a prova de que se vive. Pois quem não erra não vive, é refém de suas manias, seus hábitos inatingíveis de perfeição.

Só não entendo o por que de me sentir tão só num mundo tão grande. Os momentos em que não me sinto só se resumem quando converso com algumas pessoas que são e serão sempre indispensáveis na minha vida: Meus verdadeiros amigos. Os verdadeiros, saliento aqui, os verdadeiros!

Aqueles que mesmo no silêncio te fazem um bem imensurável. Que te têm e que te deixam. Que não há timidez ou medo vagando entre os dois, que faz vc falar mesmo quando apenas o silêncio invade todo o seu ser. Que te faz grande quando vc se pensa pequeno. Aquele que te faz voar, mesmo quando vc pensa não ser possível. Que não te reprime quando cometes um erro, mas dizem, "Estarei bem aqui, ao seu lado quando as consequências te atingirem."

Sinto falta, muita falta desses verdadeiros amigos e muitas vezes me pergunto se eles ainda existem, se eles ainda vão estar lá quando um dia porventura eu voltar. E se eu não voltar, como será que ficaremos? Resumidos a e-mails? Ou conseguiremos manter a beleza das velhas cartas? Dos necessários e obsoletos encontros? A tecnologia nos traz benefícios inestimáveis, mas não deveria nos servir como desculpas para não mantermos a simplicidade dos velhos encontros, por exemplo.

Sim, digo isto porque a distância consegue nos deixar temerosos quanto ao que o tempo pode causar nos corações, e a frieza tem congelado muitos por aí.

Queria conseguir enxergar o que há dentro do coração dos médíocres e insensatos. Será que não há sequer um pouco de sensibilidade!?

Haverá salvação para esta humanidade?!? Meu Deus, não, não há mais nada a dizer...nada mudará o sentimento do mundo. O triste sentimento do mundo!

E agora eu pergunto: Amar, amar, onde está o amor?

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Canção Excêntrica.


Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.


Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
projecto-me num abraço
e gero uma despedida.

Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida.


Meu coração, coisa de aço
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.


Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
- saudosa do que não faço,
- do que faço, arrependida.

(Cecília Meireles)

Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem triste: sou poeta.

Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou edifico,

se permaneço ou me desfaço,

- não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.


Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno e asa ritmada.

E sei que um dia estarei mudo:

- mais nada.


(Cecília Meireles)

"Quero tornar-me aquilo que sou: uma criança feita de luz."

Quando eu era criança, sorria como criança, pensava como criança e agia como criança.

Hoje sou adulta, continuo sorrindo como criança, às vezes choro como criança e tento não mais agir igualmente a uma criança.

E se um dia eu por fim, envelhecer, ainda quero ter comigo o meu sorriso de criança, minha alegria de criança e o meu olhar admirado sempre que algo me for novo.

Mas, além disto, quero pensar com maturidade e ter na medida certa a serenidade que só os longos anos da vida poderão trazer-me.